Apesar de antigas conhecidas, como "quiet quitting" e "Fat FIRE" continuarem na lista, novas palavras entram no dicionário do RH de 2025
Quiet hiring, quiet quitting etc. O surgimento de novas expressões estão relacionadas ao cenário de incerteza no mercado de trabalho.
Os últimos anos vem sendo marcados por novos termos para ilustrar as tendências do mundo corporativo, em uma necessidade de se encontrar entre tantas mudanças. A cada mês, vem uma nova forma de se referir a algo que já conhecíamos faz tempo, mas que até então não tinha nome.
Em boa parte das vezes, essas novas expressões servem mais para conversas no cantinho do café do que para designar reais mudanças de comportamento. Mas, para você não ficar por fora nos grupos de Whatsapp ou no bate-papo antes das reuniões, fizemos uma lista delas nesse pequeno dicionário corporativo.
Rage applying
Parceiros dos “quiet quitters”, os “rage appliers” são os funcionários que se candidatam a vagas de emprego por estarem frustrados com o próprio trabalho. Seja por estarem irritados com o salário, seja por estarem com carga de trabalho excessiva, a tendência que viralizou no TikTok – especialmente entre millenials e pessoas da geração Z – é uma reação de pessoas que se sentem desvalorizadas no ambiente de trabalho.
Quiet quitting
O termo, que ganhou repercussão com o TikTok, designa a postura de limitar as tarefas profissionais ao que está definido na descrição do seu trabalho. Ou seja, não assumir mais deveres e tarefas do que sua função atual estabelece e fazer o mínimo que puder para concluir o trabalho necessário, mas fazendo isso bem.
Esse movimento também dá voz a todos aqueles que estão insatisfeitos com a forma como são tratados por seus empregadores, principalmente profissionais da geração Z, que não estão dispostos a passar a vida trabalhando (uma característica de millenials e geração X).
Bare Minimum Monday
Outra que surgiu nos vídeos do TikTok, a tendência de “fazer o possível às segundas” ou pode ser traduzido como "Segunda-feira do Mínimo Essencial", consiste em aguentar a semana de trabalho fazendo o necessário na segunda-feira, sem se estressar. Estudos mostram que a segunda-feira é o dia mais odiado pelas pessoas e, por isso, a maneira de se esforçar menos no início da semana viralizou como uma maneira de conseguir trabalhar nesse dia.
Embora controverso para algumas organizações, o Bare Minimum Monday reflete a necessidade crescente de humanizar as relações de trabalho e priorizar o bem-estar.
Quiet hiring
“Contratar silenciosamente” é desenvolver talentos que já estão na sua companhia ao invés de contratar novos profissionais, dando mais responsabilidades para aqueles que se destacam em seus cargos. Ou seja, dar mais trabalho para quem já é bom em vez de contratar mais gente para desempenhar novas funçõs. A tendência tem se fortalecido com a realocação das responsabilidades dos que fizeram parte das demissões em massa, já que as empresas, em busca de cortar custos, não têm a perspectiva de contratar mais gente. A estratégia pode até proporcionar o crescimento profissional do funcionário, mas contribui para uma carga de trabalho ainda maior. Sem que isso signifique, necessariamente, um aumento salarial ou promoção.
Burnout Loop
Um ciclo repetitivo em que um colaborador experimenta esgotamento, tenta se recuperar, mas rapidamente retorna a um estado de exaustão devido à falta de mudanças estruturais no trabalho.
Layoffs
Recentemente, a expressão “layoff” tem sido usada para descrever os movimentos de demissão em massa realizados, especialmente, por grandes empresas de tecnologia. Embora esse possa ser um dos significados do termo em inglês, layoff é a suspensão temporária do contrato de trabalho de certo funcionário por tempo determinado segundo o direito brasileiro.
O dicionário de Oxford define a expressão em inglês com dois significados possíveis: (1) a demissão de um ou mais trabalhadores por razões econômicas ou por falta de trabalho e (2) período no qual alguém fica sem participar de uma atividade cotidiana.
Isto é, um layoff se difere de uma demissão porque a performance do trabalhador não é uma das razões para o desligamento, mas sim, questões econômicas ou da organização da empresa.
Digital Nomadism
Nomadismo digital, é um estilo de vida em que profissionais trabalham remotamente enquanto viajam pelo mundo. Usando apenas um computador e uma conexão à internet, esses trabalhadores combinam produtividade com a exploração de novos destinos, redefinindo a relação entre trabalho e qualidade de vida.
Muitos são freelancers, empreendedores ou contratados por empresas que oferecem opções de trabalho remoto.
Productivity Paranoia
A paranoia de produtividade, é um fenômeno que descreve a preocupação excessiva de líderes e gestores em relação à produtividade de suas equipes, especialmente em contextos de trabalho remoto ou híbrido. Mesmo quando os dados mostram que os colaboradores estão sendo produtivos, os gestores ainda sentem que eles não estão "fazendo o suficiente".
Empresas com forte dependência de controle visual enfrentam dificuldades para se adaptar ao trabalho remoto.
Stay Interviews
Ou "entrevistas de permanência", são conversas estruturadas realizadas entre gestores e colaboradores com o objetivo de entender suas motivações, desafios e expectativas dentro da empresa.
Ao contrário das entrevistas de desligamento, que ocorrem quando o colaborador já está saindo, os stay interviews são usados proativamente para reter talentos e melhorar o ambiente organizacional.
Servem para entender o que faz o colaborador permanecer na empresa e descobrir insatisfações antes que elas se tornem motivos de desligamento.
Demonstrar interesse genuíno nas necessidades e opiniões dos colaboradores ajudam a manter um clima organizacional mais saudável.
EX (Employee Experience)
Oriundo do termo UX (experiência do usuário. User Experience, em inglês), Employee Experience é o conceito de cuidado para que o funcionário se sinta valorizado e se identifique com a empresa em que trabalham com a escuta de necessidades pessoais e coletivas.
O investimento na experiência do colaborador está em alta tendo em vista a dificuldade de reter talentos qualificados, incluindo aí iniciativas de bem-estar, saúde mental e inclusão.
Resenteeism
Ter ressentimento em relação a seu trabalho – ou “Resenteeism” – é a vontade de fazer o menos possível (praticar quiet quitting) ou se candidatar a outra vaga de emprego, mas ter medo de perder o posto. Ou seja, é mostrar que está fazendo trabalho por não ter perspectiva alguma de mudança, demonstrando sua frustração. A tendência se fortaleceu em um cenário de insegurança no mercado de trabalho e com temores de recessão econômica.
Fat FIRE
A expressão em inglês vem da junção da palavra “gordura” (fat) com os termos Financial Independence e Retire Early, podendo ser traduzida como garantir recursos suficientes para conquistar independência financeira e aposentadoria de maneira antecipada. Ou seja, é uma mentalidade de focar incansavelmente em ficar rico rapidamente e, no fim, se aposentar jovem e rico.
As pessoas que aderem a essa filosofia tendem a trabalhar em grandes empresas de tecnologia, escritórios de advocacia, são fundadores de startups e aqueles cujas ocupações têm pacotes de remuneração generosos e opções de ações. Com sua renda disponível, eles usaram os recursos para investir nos mercados de ações ou criptomoedas, construir negócios e ter algumas agitações paralelas.
Talent Hoarding
Ou "retenção de talentos", é uma prática em que líderes ou gestores evitam transferir, promover ou desenvolver colaboradores de alto desempenho para outras áreas da empresa. Em vez disso, esses talentos são "guardados" na equipe original para continuar contribuindo diretamente para os resultados do gestor responsável.
O Medo de perder resultados fazem com que gestores temem que a saída de um colaborador-chave prejudique a performance da equipe, além do que, alguns líderes enxergam o sucesso de seus subordinados como uma ameaça à própria posição.
Ghost Jobs
Vagas publicadas pelas empresas que, na verdade, não estão contratando ativamente, mas servem para mapear talentos ou passar uma impressão de crescimento organizacional.
A relevância das expressões corporativas no cenário atual
O mundo corporativo está em constante transformação, e as novas expressões que surgem refletem os desafios, tendências e mudanças na dinâmica do trabalho. Conceitos como Rage Applying, Bare Minimum Monday, Talent Hoarding, Digital Nomadism, Productivity Paranoia, e Stay Interviews entre outras citadas, ilustram como o comportamento humano, a tecnologia e a cultura organizacional estão interligados.
Essas expressões não são apenas modismos, mas sinalizam questões reais que empresas e profissionais enfrentam: desde o desejo por mais autonomia e equilíbrio até a necessidade de novas abordagens para engajamento, retenção de talentos e combate ao esgotamento. Reconhecer e entender esses termos é essencial para gestores e líderes que buscam se adaptar a esse cenário dinâmico.
Ao adotar práticas que respondam às demandas representadas por essas expressões, as organizações têm a oportunidade de criar ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e alinhados às expectativas das novas gerações. Mais do que entender os termos, é necessário traduzir seus conceitos em ações concretas que promovam inovação, bem-estar e resultados sustentáveis.
As expressões corporativas de hoje são o reflexo de como moldaremos o trabalho de amanhã.
Compilador por Marcelo Cabral
Consultor e Multiplicador da ACTIO Consultoria & Treinamentos
Fonte: Forbes / Administradores.com / Você RH / Outras
Fonte da imagem: adaptado do Freepik
Atualizado em 20 de Janeiro de 2025
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